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Fitmetal completa 11 anos: resistência e luta em tempos sombrios

Estivemos presentes nas lutas que foram travadas pelos sindicatos e pelos movimentos sociais. Conquistamos direitos quando foi possível; resistimos a todo tipo de ataque quando foi necessário.


POR Wallace Paz

Publicado em 02 de junho de 2021


Nesta semana, a Fitmetal chega a seu 11º aniversário. Quando ela foi fundada, imaginávamos que seria uma entidade sindical com uma longa trajetória, repleta de vitórias e percalços. Mas não poderíamos crer que, em pleno século 21, teríamos de lidar com um cenário de tamanho retrocesso como o que vivemos atualmente, seja na esfera política, econômica, científica e até mesmo sanitária.

A Fitmetal nasceu em 1º de junho de 2010, mesma data de um evento histórico para o sindicalismo brasileiro: a 2ª Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, conhecida pela sigla Conclat. Era o último ano do governo Lula e havia um clima de otimismo durante a fundação da nossa Federação. Fechava-se um ciclo com a saída do presidente metalúrgico (cujo mandato era aprovado pela ampla maioria da população) e elegemos uma mulher pela primeira vez para o cargo mais importante do República, ao mesmo tempo em que o sindicalismo classista ganhava uma combativa organização, pronta para se pôr na linha de frente dos desafios que estavam por vir.

Desde o princípio, tínhamos a consciência de que a história de um país e de uma categoria é feita de ciclos, com altos e baixos para o povo. Chegaria o momento em que as forças conservadoras tentariam recuperar o poder, após mais de dez anos de governos populares. Da mesma forma, sempre nos mantivemos atentos para os desafios que as novas tecnologias, as práticas antissindicais e a luta de classes trariam para os metalúrgicos e as metalúrgicas do Brasil.

A Fitmetal foi criada para enfrentar esses desafios. Em cada um de seus 11 anos de existência, estivemos presentes nas lutas que foram travadas pelos sindicatos e pelos movimentos sociais. Conquistamos direitos quando foi possível; resistimos a todo tipo de ataque quando foi necessário.

A ofensiva da direita teve início nas Jornadas de Junho, em 2013, prosseguiu durante a eleição de 2014, deu respaldo ao Golpe de 2016, bancou a Reforma Trabalhista em 2017 e foi coroada (para a desgraça de nossa Nação) com a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018. Quando parecia que nada poderia ser pior do que um governo fascista, nos deparamos com a pior pandemia da história.

É nesse cenário sombrio que a Fitmetal completa 11 anos. A pandemia de Covid-19 fez com que o nosso 3º Congresso – que seria realizado em maio deste ano – fosse adiado. Para atualizar nossa ação política, realizamos no último dia 22 de maio a Plenária Nacional dos Metalúrgicos. Definimos nossa estratégia de luta e resistência, em defesa de mais vacinas, mais empregos e mais indústria para o Brasil.

Uma semana depois, o Brasil assistiu à maior manifestação de rua contra Bolsonaro. Estamos próximos da triste marca de 500 mil mortos desde o início da pandemia, a vacinação caminha a passos lentos e o desemprego afeta mais de 14 milhões de pessoas. Não há dúvida: aquele que nos governa é mais perigoso do que o vírus que ainda nos causa tanta dor e tristeza.

O luto que muitos de nós ainda sentimos precisa ser transformado, com urgência, em luta. Nossa resistência é que vai tirar Bolsonaro do poder e garantir a reconstrução da nação após o término deste pesadelo.

No futuro, o período que vivemos será apenas um triste capítulo de uma longa história. A Fitmetal seguirá na luta para que este presente de tanto sofrimento se transforme o quanto antes em passado.

Vida longa à Fitmetal!


Wallace Paz

Secretário-geral da Fitmetal