Uma exposição do sindicalista brasileiro Divanilton Pereira, secretário-geral adjunto da FSM (Federação Sindical Mundial), marcou nesta terça (28) a abertura do 4º Congresso da União Internacional Sindical – Metal e Mineração (UIS MM). A atividade está sendo realizada, em Buenos Aires, na Argentina.
Segundo Divanilton – que também é membro da direção nacional da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) –, o mundo vive um “ciclo da luta geopolítica bastante tensa e perigosa”. O cenário atual é “de disputas política, cultural, econômica, tecnológica e militar que aumenta, a cada dia, a velocidade da transição geopolítica em curso”. Numa ordem cada vez mais multipolar, conflitos como a guerra na Ucrânia e o genocídio de Israel contra o povo palestino na Faixa de Gaza indicam um “relativo declínio imperialista”.
Porém, desde a grande crise iniciada em 2008, o capital investe em dois movimentos para tentar reverter a redução dos lucros. De um lado, modifica a estrutura produtiva, com iniciativas como “a terceirização, a dispersão das cadeias produtivas, as mudanças tecnológicas e gerenciais”. De outro, busca retirar direitos e enfraquecer o movimento sindical.
“Estudos da OIT comprovam que de 2008 a 2014, em 110 países, foram feitas 642 mudanças laborais”, lembrou Divanilton. “Esses ataques foram focados contra os sindicatos, as negociações coletivas, o direito de greve, os contratos de trabalho e a favor da flexibilização das jornadas, dos contratos de trabalho e das demissões coletivas. Portanto, um ataque sistemático e combinado contra o trabalho está em curso”. Os impactos vão do aumento do desemprego à crescente precarização do trabalho.
Jornada
Na visão da FSM – que representa 105 milhões de trabalhadores em 134 países –, o movimento sindical é desafiado a enfrentar esses retrocessos com mais profundidade com “uma ação combativa e qualificada”. Uma das bandeiras de luta que ganha força em todo o mundo é a da redução da jornada de trabalho sem redução de salários – uma proposta ratificada no 18º Congresso da FSM.
“É uma resposta classista frente ao aumento da produtividade do trabalho pelo incremento das novas tecnologias, mas apropriada apenas pelo capital. Este 4º Congresso da UIS Metal pode trazer essa jornada contemporânea entre as suas prioridades”, declarou o dirigente da FSM.
Como o capitalismo – agora turbinado pelo avanço mundial da extrema-direita – continua a produzir “exclusões e falta de perspectivas” –, a luta de classes continua na ordem dia. “A Federação Sindical Mundial reafirma o seu caráter classista, anti-imperialista, socialista – e conclama a classe trabalhadora de todo o mundo a lutar por soberania, desenvolvimento, direitos e paz”, concluiu.
Brasileiros
Além de Divanilton, o Brasil marca presença no Congresso em Buenos Aires com uma delegação composta por sindicalistas ligados à Fitmetal (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil) e à CTB. É o caso do atual secretário-geral da UIS, Francisco Souza, que também exerce o cargo de secretário de Saúde da Fitmetal.
A Federação também é representada pelos dirigentes Alex Custodio (vice-presidente), Andreia Diniz (secretária de Finanças) e Eremi Melo (secretária de Formação), além dos membros da direção plena Mario Hudson e Beto Osório. Integram, ainda, a delegação Omar Requena e Thamyres Cristina, ambos do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim (MG).
O 4º Congresso da União Internacional Sindical – Metal e Mineração se encerra nesta quinta-feira (30) com a eleição da nova diretoria da entidade.
André Cintra
Jornalista, é assessor de Comunicação da Fitmetal